Consciência Negra: Minoria? Eu sou maioral!
O dia da conscientização negra que é atribuída à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, não é só um feriado, é o dia de reflexão, do debate e da exposição da ferida social sobre o tema raça, mas isso só quer dizer alguma coisa se você realmente quer dizer alguma coisa sobre isso!
Meu nome é Deiverson Campolina, sou um novo parceiro do canal. Muitas vezes me peguei perguntando sobre os tipos de oportunidades e o que me restaria pelo simples fato de eu ter nascido negro. Durante toda a minha carreira vivi e presenciei o preconceito, senti na minha pele orgulhosamente negra os abusos daqueles que achavam que a minha cor determinaria a minha experiência. No auge os meus 16 anos comecei a minha vida em uma multinacional como assistente. Para alguns, burro de carga. Todos os dias, em uma hora e meia eu era obrigado a tirar cópia de documentos por 15 vezes. Não seria ruim se na época as máquinas não ficassem em 4 andares de diferença e sem um elevador.
Depois de um cansaço tremendo e um questionamento, eu chorei muito escondido. Resolvi desabafar para um gerente que disse: “Deiverson, nesta vida você ainda terá que engolir muitos sapos como esses ou um brejo todo”. Minha cor? Minha origem? Dane-se! Decidi ser protagonista e após 6 meses desta conversa dei início a minha vida profissional. É muito verdade que começamos o jogo das oportunidades perdendo por um placar de 1 x 0. O fato de ser negro não me limitou ou restringiu a minha vida em pequenas ambições, sonhos e experiências e estagnação, muito pelo contrário, durante toda a vida nós, que vivemos em um país que a maioria das oportunidades são direcionadas aos brancos, crescemos e nós desenvolvemos com dificuldades ainda maiores porque sabemos que as regras do jogo e as oportunidades são diferentes para nós.
Não estou aqui para falar da inadmissível segregação racial que vivemos, mas só para lembrar que mais da metade da população é negra e, muitas vezes, nas salas de aulas, nas universidades e no mercado de trabalho, esse percentual não chega nem a 5%.
E se engana aquele que acha que simplesmente essas regras poderiam destruir ou consumir às minhas ambições! Ser negro não só me fez chegar aonde eu cheguei, hoje sou líder em uma multinacional Portuguesa, mas me fez ter um compromisso ainda maior com a minha vida, com o meu país e com as causas que acredito, pois me colocou em um patamar onde sou, acima de tudo, respeitado e lembrado por todos os colegas que compartilhei a minha experiência não só no trabalho, mas na vida. Desde sempre somos submetidos a desafios cada vez maiores, dentro de casa e fora de casa, que corretamente aplicados em nosso autoconhecimento nos tornam superpoderosos. Eu sou negro, tive uma origem humilde e sou, como muitos, um super humano. E um super humano quer dizer que sei das minhas capacidades, conheço o meu talento, reconheço meus erros e luto todos os dias, diuturnamente, pelo meu propósito de transformar a educação e as oportunidades no Brasil.
Quando nos chamam de minoria, discutem a inclusão racial, ou nos segregam… Aí está a nossa força! A cada tentativa torpe e imunda da sociedade de nos rebaixar apenas por nossa condição racial é o que me motiva cada vez mais. Ser negro, não é só um orgulho da minha origem, do meu povo, da minha força e dos meus ideais. É também uma forma de mostrar para todos os jovens que tudo pode ser construído e vivenciado se nós quisermos. O poder das escolhas nos permite escolher os nossos caminhos, cada um tem o SEU direito de fazer a SUA escolha, algumas delas são muito mais difíceis do que outras, mas por experiência própria posso dizer que é gratificante escolher o caminho mais difícil: enfrentar os problemas mais inviáveis e as pessoas mais ignorantes para chegar em um lugar onde nós poderemos contar essa história diferente.
Protagonizar e mudar a vida das pessoas significa FAZER. Precisamos sair de nossa zona de conforto e atacar com trabalhos voluntários e projetos sociais. Hoje sou líder um projeto chamado “Orientação para o Primeiro Emprego” voltado para os filhos dos colaboradores com idade entre 15 e 24 anos, com objetivo orientar e direcionar às Ciências Exatas, Ciências Humanas e Ciências Biológicas (para vestibulares), Orientação Vocacional, auxílio com a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Como elaborar um currículo, cuidados da imagem pessoal e imagem digital, Onde buscar o primeiro emprego, dentre outras dicas para quem está começando e quer protagonizar!
O mundo está cansado de histórias iguais, de segregações e falta de oportunidade igual para as pessoas. Você, seja branco, seja negro, mestiço ou mulato, não pode perder o seu tempo e limitar-se apenas ao que os outros te consideram. Nós somos os grandes construtores da nossa vida. Nós somos protagonistas das nossas vidas. Nós somos humanos superpoderosos, mas também somos os vilões responsáveis por destruir internamente esses seres humanos que fazem às diferenças acontecer. ê quer ser o seu próprio vilão?
Viva e entenda à sua diferença! Descubra o seu talento, lute por suas causas e por seus propósitos, seja diferente, mostre para os outros o que é ser diferente e ser um SUPER HUMANO para transformar o mundo ao seu redor. Quer tirar 15 cópias todos os dias e não ser lembrado por nada?
Para aqueles que nos chamam de minoria… Nós somos os maiorais! Somos super humanos!
Deiverson Campolina, é filho de Dona Odete e Sr. Armando, irmão da Telma e pai do espetacular Lucas. É apaixonado por todos os tipos de esportes e nas horas vagas gosta de praticar corridas. Formado em Direito pela Universidade de Mogi das Cruzes, pós graduado em Recursos Humanos pela mesma instituição, e estudante de MBA na FGV. Há 18 anos ocupa o projeto de líder de Pessoas e Gestão em uma multinacional e com mais de 26 anos de carreira.
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